28 de abril de 2011

O Dia D

Dia 11 de junho de 2010, sexta-feira
Manhã – Acordo com a notícia de que nasceu o priminho do Téo, Arthur, filho da Flávia e do Pedro. A gente combina de ir visitá-lo no sábado. Yuri diz que temos uma festa à fantasia para ir à noite. É aniversário de um amigo dele. Assisto ao jogo de abertura da Copa. Termino de ler a monografia de uma aluna da pós que estava orientando.

Tarde – Vou com minha mãe cortar o cabelo. Ela sugere que eu pinte também. Mas, cansada, digo para deixar para o dia seguinte. Vou para a casa dos meus pais e durmo quase a tarde toda. Lá pelas cinco e meia, acordo. Meus pais pedem para que eu fique para o jantar. Digo que não porque preciso me arrumar para a festa. Pego o carro e dirijo até em casa. Penso em ligar para Yuri dizendo que estou com preguiça de me arrumar para ir à festa. Mas acho melhor ir, afinal os dias de liberdade para sair estão acabando. Em dez dias, Téo estará conosco.
20h00 Yuri chega e me ajuda a preparar minha fantasia. Em clima de Copa, ele vai de torcedor do Brasil e eu de Jabulani, a bola da Copa. Visto uma blusa branca e a gente cola os desenhos da bola na minha barriga.

21h30 Chegamos na festa, no Porcão. Tem banda, está bem animado. Mas não consigo ficar em pé. Não tem onde sentar, as poucas mesas estão ocupadas. O garçom consegue uma mesinha extra em consideração ao tamanho da minha barriga. Conversamos com todo mundo. Aproveito para matar a fome e a gula comendo zilhões de pasteizinhos. Na abstinência de álcool, encho a cara de guaraná. Afinal, é uma das últimas festas que irei sem me preocupar!
23h00 A festa fica cada vez mais animada, a pista está bombando. Mas eu só consigo mesmo ficar sentada. Comendo pastelzinho e tomando guaraná. Sinto que a bexiga está cheia, mas vou deixar para ir ao banheiro antes de sair porque é perto da porta.
24h00 Cansada, chamo Yuri para irmos embora. A gente se levanta, nos despedimos dos amigos. De repente, a pressão na bexiga aumenta muito e sinto um líquido quente escorrer pela perna. “Ops, amor, precisamos correr! Estou fazendo xixi nas calças”. Yuri não entende direito, mas me segue. No meio do caminho, ele resolve me apresentar para alguém!!! Pela minha cara, a pessoa deve ter entendido que euzinha aqui estava desesperada, não me segurou por muito tempo.
Depois de ir ao banheiro, fomos em direção ao carro. No meio do caminho, comentei com Yuri: “olha, acho que minha bolsa se rompeu”. Ele não acreditou: “O médico explicou que é normal as mulheres se confundirem no fim da gravidez, porque a bexiga fica muito pressionada e o xixi vaza”. Tudo bem, vamos para casa.
12 de junho de 2010, sábado
1h00 Depois de tomar banho, chamo Yuri e digo: “continua vazando um líquido de mim e é rosa!”. “Ok, vamos ligar para o médico”. Doutor Tartaruga pediu para a gente ir até a maternidade para fazer um exame com o GO de plantão. A gente liga para a família inteira. Minha sogra passa lá em casa na saída de uma festa para ver se a gente precisa de ajuda.
2h00 Minha mãe, meu pai, minha irmã, meu cunhado e meu irmão chegam ao hospital junto com a gente. Faço a ficha.
3h00 A médica me examina. Sim, minha bolsa está rompida. Mas não estourou de uma vez, está vazando aos poucos. Tenho um centímetro de dilatação e nenhuma contração. Ligo para o Doutor Tartaruga, que pede que eu vá para casa e volte para o hospital às 7h.
3h30 Tento dormir um pouco.
4h30 Acordo Yuri: estou começando a sentir dor. O intervalo entre as contrações é de dez minutos. Ele massageia minhas costas durante a contração. É uma dor forte que começa nas costas, como se a coluna fosse rasgar e termina na frente, como cólica.
5h00 A dor piora. Massagear e caminhar não adianta mais. Entro no chuveiro para ver se a água quente alivia um pouco.
5h30 Nem a água quente ajuda mais. As contrações acontecem de cinco em cinco minutos. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Dói! Peço para ir para o hospital.
6h00 Doutor Tartaruga chega. Estou jogada numa cadeira esperando. Enquanto ele e Yuri fazem a papelada, eis que surge, finalmente, uma alma caridosa que me leva para a enfermaria. Pouco depois, Doutor Tartaruga me examina. Estou com quatro centímetros de dilatação e contrações com intervalos menores que cinco minutos. Tudo indica que estou meio caminho andado para o parto normal, como queria. Mas as dores estão beirando o insuportável. Dói muito. Em vez de me tranqüilizar ou oferecer uma analgesia, Doutor Tartaruga fica pensando no churrascão de sábado que ele vai perder e me faz a proposta: “Quer fazer uma cesárea? Em uma hora seu bebê estará com você”.
6h30 Fico na dúvida, mas não resisto. É muita dor! “Parto normal não tem nada de normal! Vamos para essa sala de cirurgia acabar com isso logo!” Visto a camisolinha. Na sala de cirurgia, estão Yuri e Ju, minha amiga médica que tem passe livre em salas de cirurgia.
7h11 Téo nasce. Doutor Tartaruga e o pediatra desalmado do plantão levam meu filho embora sem me mostrar. Yuri vai junto. Ju volta e me diz que Téo está bem, que estão limpando ele. Na sala de recuperação, a enfermeira o leva pra mim. Estou sem óculos. Seis graus de hipermetropia e três de astigmatismo. Mas consigo ver. Olho para ele, ele me olha de volta. Um olhinho mais aberto que o outro. Põe a mãozinha na frente e gira, como em todas as ecografias 3D que tentei fazer para ver o rostinho dele. Mas agora ele está ali bem pertinho. Tem um cheirinho delicioso. Indescritível. Amor à primeira vista. Amor eterno.

Téomaki

PS: No próximo post, vou contar minhas reflexões sobre tudo que aconteceu. Aqui está apenas o relato dos fatos, como os vivenciei no dia mais importante da minha vida.

2 comentários:

  1. Katrine, rs, mais uma coincidência: Theozinho também rompeu a bolsa, chegando antes do prometido (o parto já estava marcado). :)
    Estou adorando ler suas histórias.

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  2. Ai, Katrine, não acredito!!! Puxa, esse médico poderia ter proposto uma anestesia pra vcs! Puxa vida, não era ele que ficaria se recuperando de uma cirurgia depois, né...Aff. Comigo, a minha médica queria muito fazer o parto normal e eu também, mas por causa de um problema no canal de parto, eu não pude fazer. também entrei em trabalho de parto e sofri as temíveis contrações. Eu quero ter um segundo. Quem sabe sairá do jeito que eu sempre planejei! Mas o fato é que os meninos estão aí, super saudáveis e isso que importa, né!

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