18 de maio de 2011

Déjà Vu

Desde que viemos para a casa da minha mãe, enquanto esperamos nossa casa nova, parece que eu vivo em constante déjà vu. O cheiro do sabonete, o gosto apimentado da comida, os travesseiros... E não é porque tenho lembranças da época em que morei aqui antes de casar. Eu me lembro é desse mesmo período do ano passado, quando Téo nasceu e passamos 40 dias aqui. Tem quase um ano. Depois da primeira semana, eu estava fisicamente bem. Mas não queria sair do meu ninho enquanto não estivesse segura para poder criar o ninho do meu pequeno.
Na verdade, não consegui me sentir segura o suficiente para voltar para casa, mas voltei mesmo assim. É a vida, né... Não que meus pais me ajudassem demais da conta nos cuidados com o bebê recém-nascido. Éramos eu e Yuri que cuidávamos dele o tempo todo. A Camila ainda morava aqui e era quem mais ajudava, trocando fraldas, dando banho e cuidando dele. Mas o grosso, as madrugadas e tal, ficava comigo e o pai da criança mesmo. Nada mais justo, na verdade... Quem pariu Moises que balance!
Mas é que a casa dos meus pais funciona como um lar. Tem sempre movimento, gente entrando e saindo. Alguém que a gente pode “gritar” num momento de dificuldade. E alguém para fazer companhia nos momentos calmos. Aqui tem comida nos horários certos, a roupa tem dia para ser lavada e passada, a limpeza é feita religiosamente todos os dias.
Nada disso tinha na minha casa. Em quatro anos de casada, eu almoçava na casa da minha sogra e jantava qualquer coisa que desse na rua. Nunca tinha nada nos armários para ser cozinhado e a roupa não seguia rotina nenhuma. Você colocava um jeans para lavar e não sabia quanto tempo depois ele estaria no armário de novo. A limpeza era feita com regularidade, mas sem nenhum controle, já que eu nem mesmo encontrava a diarista. Ela ia quando eu não estava lá.
E tudo isso mudou drasticamente com a chegada do Téo. Eu “apanhei” nos primeiros meses, tentando entender como deve ser a dinâmica de uma casa. Na primeira semana em casa, eu ainda achei que ia dar para retomar a rotina de almoçar com a minha sogra. Era legal ter esse hábito e a comida lá é sempre ótima. Mas não deu. Depois de passarmos alguns dias sem almoço, eu e Yuri entendemos que Téo mandava no pedaço agora e que nada seria mais prático que comer em casa.
Aí eu parti para as compras de mês, arrastando um carrinho pesadíssimo, com uma lista na mão, conferindo preços. Uma típica dona de casa! Partir para o fogão já era outra história, porque não nasci com essas prendas culinárias meeesmo. Mas a Gilene, nossa talentosa cozinheira e arrumadeira, precisava de um “norte”, para não repetir peito de frango, arroz, feijão e salada todos os dias. E lá fui eu elaborar o cardápio mensal da casa, dizendo o que deveria ser feito no almoço e o que deveria ficar pronto para a janta. Foi tão difícil para mim! Até hoje o café da manhã lá em casa não está “bem resolvido”. Pode me dar uma revista científica de 500 páginas em francês para ler, mas não me peça para administrar um lar com facilidade!
Um lar. Agora é isso que eu, Yuri e Téo temos. Na nossa casinha tem compra de mês, horário de refeição, logística de lavar/passar, rotina de limpeza. E graças à ajuda de minha sogra, teremos também uma mesa na casa nova! Vamos sentar em volta dela no horário das refeições e sermos, os três, a melhor coisa do mundo: uma família.

Um comentário:

  1. Amei, Katrine. Me ensina como é que faz? (sério mesmo, estou no caos ainda, com a "personal" fazendo o tal franguinho todos os dias!!)
    bjs,
    Luiza

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