“Totóóóóó!!!!!!!!!”, é assim que Téo grita toda vez que está
com fome. Desde que conheceu o panetone ele só quer saber de comer o tal “totó”.
No começo, era só para experimentar. Num dia natalino de dezembro, ele apontou
para o chocotone e nós demos um pedacinho para ele provar. Ficou nisso. Dali a
alguns dias, ele apontou de novo para o dito cujo. Demos mais um pedacinho.
Quando ele aprendeu a pedir gritando “totó”, resolvemos substituir o de
chocolate pelo de frutas, tentando desencorajá-lo. Mas não adiantou, ele gosta
é da massa e não do chocolate. Desde então, ele é viciado em panetone.
Claro que já tentamos dizer que acabou, mas ele chorou de um
jeito tão sentido e magoado que os pais bobões foram ao mercado com ele comprar
mais um. Tio Márcio teve pena e mandou mais um. Os avós também o presentearam
com totós. Tio André morreu de rir quando o menino saiu correndo com um sorriso
do tamanho do mundo em direção à caixa amarela de totó. Todo dia, depois do
café da manhã, do almoço e da janta, lá vinha o bebê: “Totóóóóó”!!! Ele vai
enfiando o máximo possível na boquinha, como se tivesse medo de a comida fugir.
Quando a boca está cheia, empurra com a mãozinha para caber mais um pouco!
Eis que nesta semana o problema se agravou. O pequeno
resolveu que só queria comer totó. Não abria mais a boca para nada. Só chorava
e gritava. Bem que a pediatra avisou que o doce poderia ter esse efeito... Mas
é tão difícil resistir àquela carinha feliz quando abocanha o totó com todo
gosto do mundo! E olha que eu e Yuri somos bem rígidos na alimentação dele:
tudo saudável, fresquinho, orgânico, sem açúcar. O panetone foi a exceção...
E, assim, tivemos que exercer nossa autoridade de pais.
Ficou decidido que não tinha mais totó. Não adiantou chorar, gritar, bater a
cabeça no chão. Sob fortes protestos das avós “dá só um pedacinho”, “só hoje
deixa ele trocar o almoço por panetone”, Téo foi dormir com fome, já que totó
não ia comer e para o resto ele fechou a boca. Doeu, claro. É ruim ver que ele
está sofrendo. Mas não foi o fim do mundo. Educar é difícil sim, porque implica
em dizer “não” e desagradar a pessoa que a gente mais ama no mundo. Mas, tendo
em mente um bem maior (produzir um cidadão decente, consciente de que o mundo
não gira em torno do próprio umbigo), fica mais fácil tomar as atitudes
necessárias. Sem culpa.
Talvez Téo não entenda agora os motivos racionais da nossa
atitude: ter uma alimentação saudável e aprender que não pode ter tudo que quer
são valores que agora não dizem nada para ele. Mas que o bichinho entendeu que
não adiantava fazer chantagem, isso ele entendeu! Agora, está ali na sala,
atracado com um prato de couve, feijão de corda, arroz e frango. De sobremesa,
uva. E já são doze horas sem mencionar o tal.
PS: Decidimos que, nos fins de semana, ele poderá comer um
pedaço de totó, se almoçar direitinho. ;)