9 de julho de 2012

Imaginação, o melhor brinquedo

Carrinhos, bolas, jogos, pelúcias, instrumentos musicais e uma infinidade de coisas. O quartinho do Téo está abarrotado de brinquedos dos mais variados tipos e tamanhos. Tudo tão divertido, tão educativo e tão criativo., que me pego surpresa com as preferências dele.

Antigamente, brinquedo era uma coisa cara. Tinha uns que só faziam parte da imaginação da maioria das crianças de classe média. Você sonhava com a casa da Barbie, ou com a mesa de cirurgia do Playmobil e ficava por isso mesmo. Dessa forma crescíamos, no jogo de desejos e frustrações que nos preparava para a vida de gente grande. A gente aprendia que não adiantava quebrar tudo ou dar piti, algumas coisas na vida a gente simplesmente não tem.

Lembro também que a variedade era significativamente menor. Todo mundo tinha o cachorro xereta puxado pela cordinha, um palhaço cujo corpo era feito de peças de encaixar coloridas, pega varetas, Banco Imobiliário (com dinheiro de papel mesmo, nada de cartão de crédito), uns tijolinhos coloridos, boneca bebezão e só. Para incrementar, um elástico virava brinquedo embaixo do bloco, as meninas trocavam papéis de carta e os meninos figurinhas.

Hoje, as lojas são um espetáculo made in China. Eu fico boba de ver quanta coisa legal tem. Até um mesmo jogo, tipo o Banco Imobiliário, tem várias versões, de diferentes preços. Tudo parece bem mais acessível também. Se você quer dar uma lembrancinha de R$ 30 pode escolher entre mil opções. Para um adulto, mal consegue comprar uma garrafa de vinho com valor semelhante!! Mesmo o brinquedo mais caro, está ao alcance da maioria da classe média, em 12 vezes sem juros no cartão.

Voltando ao Téo, ele ainda não tem esses desejos. E no auge da inocência dele, percebo como somos nós que deturpamos a graça da brincadeira. Ele nunca me pediu aquele carrinho fantástico que pisca, anda sozinho e até fala. Eu dei porque quis. Mas não, ele gosta mesmo é de um carrinho de plástico bem baratinho que ganhou na pescaria da festa junina da igreja. Chama de “carro do peixe”.  Numa loja de brinquedos, com crédito alto graças às trocas de presentes repetidos de aniversário, ele só queria os carrinhos baratinhos do Hot Wheels...  

E apesar de ter tantas coisas divertidíssimas para brincar, hoje de manhã o flagrei se divertindo com uma caixa de cápsulas Nespresso vazia: era o metrô. Eu sou de um tempo em que brinquedos não eram tão fartos e baratos. Quando vejo a quantidade de coisas que o Téo acumulou em dois anos de vida, sendo que nem somos de dar presentes fora de datas como Natal e aniversário, penso que algo deve estar errado. Pois, afinal de contas, não tem nada tão divertido como brincar de faz-de-conta.